"A MORTE DA MATA DO PLANALTO E A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA", Antônio de Faria Lopes, Advogado

Importante não somente para os vizinhos, mas para toda a cidade os trezentos mil metros quadrados de mata, de nascentes, de pássaros e outros animais foram se transformando em espaço indispensável à preservação da vida da cidade, já tão poluída, tão quente e tão feia. Os moradores da Pampulha e da região norte correm o risco de perderem o seu pulmão.

A luta dos moradores não deve cingir-se aos aspectos meramente legais e aos pareceres dos órgãos ambientais, sempre muito condescendentes com os destruidores do meio ambiente, além de dóceis às pressões dos poderosos proprietários cujo único objetivo é o lucro. Nosso Estado de Minas Gerais é vítima permanente da exploração do nosso subsolo em troca de quase nada, como sabemos todos desde o ciclo do ouro. Aos mineiros, os buracos.

A Mata do Planalto não deixará de ser destruída só porque um conselheiro do Comam está impedido de ser o relator, como alega o Ministério Público. É preciso ficar explícito que permitir o desaparecimento da Mata do Planalto para atender à fome de lucro da especulação imobiliária é um crime contra a cidade, contra seus moradores, contra o meio ambiente e contra a vida futura. Há, na Prefeitura, quem diga que não se deve dificultar o desenvolvimento da cidade. Ninguém pede isto. O que esperamos é que nossos administradores não confundam desenvolvimento com a mera construção de apartamentos luxuosos para a minoria de ricos. Desenvolver a cidade significa criar melhores condições de vida para todos os seus habitantes. A começar pelos que mais necessitam. Não é assim o ensinamento do partido socialista ao qual pertence o prefeito Márcio Lacerda? Não foi com essas promessas que ele se elegeu?

Para preservar a Mata do Planalto só há um caminho. Desapropriá-la por interesse público. E é interesse de todos que ela continue com a sua função purificadora do ar que respiramos; como nascedouro do córrego Bacuraus, que caminha para o Ribeirão Isidoro, que vai dar no Rio das Velhas, que chega ao São Francisco a caminho do mar. É do interesse de BH que suas crianças aprendam, passeando pela Mata, a importância da fauna e da flora na sobrevivência do planeta e a responsabilidade que cada um tem nesta tarefa.

Conseguir a desapropriação não é tarefa fácil, entretanto. Ela tem inimigos na Prefeitura e na Câmara Municipal. São os poderosos de sempre: financiadores de campanhas eleitorais e clientes dos meios de comunicação.

O prefeito Márcio Lacerda terá coragem e independência de tomar a iniciativa de consultar a população sobre decisão tão importante? Verbas e meios para isto ele tem.

Sei que o vereador Heleno já está empenhado nesta luta. Estréia bem, de forma independente e comprometida com a população, com suas idéias e com seu passado. E nós, o que podemos fazer? Usar a internet, reunir

vizinhos e amigos, visitar a Mata, participar de mobilizações, atrair os jovens, procurar as igrejas e suas lideranças. “Tudo vale a pena...”


07.02.11

Texto enviado por. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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