Numa das cidades mais ricas de Minas Gerais, Itabira, e que abastece o mundo de minério de ferro desde 1942, cerca de 300 famílias pobres foram expulsas, por ordem da Justiça, de um terreno particular que ocuparam por não ter onde morar e ao qual deram o nome de Carlos Drummond de Andrade – terreno improdutivo, cujos donos devem ao município, em IPTU, cerca de R$1 milhão. Todos, incluindo idosos, crianças e doentes, sofreram humilhações traumáticas, talvez irreversíveis. Sem resistência, intimidados por centenas de policiais, com revólveres, cães, cassetetes e helicópteros, deixaram suas casas, construídas ao longo de 10 anos com muita dificuldade. Foram depositados em galpões, divididos em cubículos de madeirite que comunicadores bajulões do poder chamaram, sem corar o rosto, de baias. “A lei deve ser cumprida. Invadiram, têm de sair”, bradaram em microfonesCabe perguntar se eles se referiram à mesma lei que no papel assegura dignidade a todos os brasileiros. Agosto de 2011: o mês de uma das maiores ignomínias praticadas em Itabira, cuja história agora apresenta um episódio a evocar Canudos, sem morte física e sem messianismo à Antônio Conselheiro. Fruto do casamento diabólico entre política malsucedida e injustiça, esse despejo de pobres em Itabira foi um tiro à queima-roupa na fraternidade, cujo estampido ecoará por 120 anos.
Publicado no Jornal O TREM, de Itabira, MG, A Mina, n. 71, ano 7, agosto/2011, p. 9)
Recebido por email por: gilvandermoreira@givalndermoreira.com.br
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