Y así virá ...
Están abiertas las inscripciones para el Festival Latinoamericano de la Clase Obrera ( cine y video), 6 ª edición Especial FELCO Belo Horizonte - Das Terras do Bem Virá!
Festival de cine, las artes y la política e la cultura, el Felco se dedica a satisfacer presente, discutir y ofrecer obras artísticas y documentales que expresan cuestiones de política relacionadas con los movimientos sociales y sobre los cambios que están teniendo lugar en América Latina.
En esta sexta edición especial en Belo Horizonte vamos a hacer un documental panorama especial sobre el cambio social en las fronteras internacionales de la Amazonia, conformado por nueve países del continente latinoamericano.
Nuestra misión es recopilar, catalogar, promover programas y debates sobre las producciones de medios de comunicación que nos digan algo de la sociobiodiversity rutas y relaciones de poder en los territorios amazónicos,donde las fronteras de nueve estados nacionales bordean el mayor bioma de los bosques tropicales del planeta.
Para ello, invitamos a los cineastas y colectivos de audiovisual, brasileños, de América Latina y de todas las nacionalidades, para entrar en su trabajo en la sexta edición especial Felco BH!
Reciberemos los estudios a partir de los nueve países que confieren las fronteras del Amazonas, Bolivia, Brasil, Guyana, Venezuela, Perú, Colombia, Guayana Francesa, Ecuador, Surinam, que exponen temas como la lucha por los derechos humanos, los movimientos sociales por la tierra en el campo, la lucha por la vivienda asequible en las ciudades, la vida cotidiana de las ocupaciones urbanas y rurales, los movimientos en defensa de los derechos indígenas y los territorios y los cimarrones, las luchas de los pueblos afectados por las represas, los afectados por las minas y golpeado por grandes obras urbanas, movimientos ambientales plantadores de bosques, la resistencia de los cultivos, la emancipación de las minorías, la lucha por la desmilitarización de la sociedad, la justicia y la verdad por la amnistía para los presos políticos, en contra de la persecución política y el espionaje extremo y de vigilancia terroristas de los estados nacionales .
También hacemos un llamamiento en Minas Gerais, colectivos interesados en convertirse en el expositor de FELCO, cine clubes, escuelas, asociaciones, sindicatos, organizaciones no gubernamentales, movimientos sociales, etc, a firmar también para recibir los espectáculos itinerantes de la fiesta y tomar las películas y debates también sobre Amazon en sus localidades.
Aquí Reglamento y Formulario de inscripción para audiovisuales, se deberá enviar en formato electrónico e impreso para cineclubemovimenta@gmail.com junto con el DVD a la dirección:
NESTH: Sala 4224 - FAFICH / UFMG - Av. Antonio Carlos, 6627. Belo Horizonte - MG.ac Neimar - FELCO BH - DAS TERRAS DO BEM VIRÁ
CEP 31270-901
Pedimos el apoyo en la divulgación completa, para que nuestro llamado possa llegar a todxs los cineastas de América Latina, que con Brasil regionalizam fronteras internacionales da Amazonia. Ya, nuestra gratitud y larga vida a todas las formas de resistencia y de lucha contra el sistema de explotación capitalista en América Latina!
Por um trisco não aconteceu uma tragédia na Ocupação Wiliam Rosa ontem à noite, dia 01/11/2013.
Por um trisco não aconteceu uma tragédia na Ocupação Wiliam Rosa ontem à noite.
Nota de frei Gilvander Moreira, da CPT.
A Ocupação Wiliam Rosa não foi despejada ontem à noite, dia 01/11/2013. Por um trisco não aconteceu uma tragédia na Ocupação, sob ataque da polícia de Minas, mas o povo está firme, de cabeça erguida, para continuar a luta. Mas o que aconteceu ontem à noite lá na Ocupação Wiliam Rosa foi muito grave. Riscaram fósforo ao lado de um barril de pólvora. Temos que tirar muitas lições, todos: policiais, comandantes, autoridades, juízes, TJMG, prefeitos, governador, presidenta Dilma, lideranças, o povo das Ocupações e todos nós. Vamos aos fatos e a algumas luzes.
Ontem, dia 01/11/2013, sexta-feira, à noite, por volta das 21:40h, recebi um telefonema de uma das lideranças da Ocupação Wiliam Rosa, que está com 3.900 famílias sem-terra e sem-teto – www.ocupacaowilliamrosa.blogspot.com.br -, localizada próximo ao CEASA – em terreno que “pertence” ao CEASA -, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, MG. Desesperado, via celular, gritava: “Frei Gilvander, pelo amor de Deus, socorro! A Polícia de Minas Gerais com tropa de choque - uns 300 policiais - está atacando a Ocupação Wiliam Rosa, jogando bombas no meio das barracas de lona preta, dando tiros e jogando gás lacrimogêneo do helicóptero. Chegou alguém gritando que, ao correr das bombas, passou por cima, de uma pessoa caída, que parece estar morta.” Perguntei: “Tem oficial de justiça aí?” “Não tem.” “Estão despejando a Ocupação?”, indaguei. “Parece que é início de despejo, mas não sabemos a intenção da polícia.”
Liguei para outra liderança que me repassou a mesma versão. Soluçando por causa do gás lacrimogênio, essa liderança, com a voz embargada, chorando, me disse: “Frei Gilvander, pelo amor de Deus, socorro. Venha nos ajudar. E chame quem puder vir.”
Divulguei, via celular e facebook, uma mensagem com o “conteúdo”, acima, e, junto com uma advogada popular, fomos correndo para a Ocupação, enquanto telefonávamos para lideranças. Consegui falar com o dep. Rogério Correia (PT/MG), que conversou, via celular, com a Cel. Cláudia, comandante de policiamento de Belo Horizonte, fiquei sabendo às 23:42h quando consegui falar, via celular, com a Cel. Cláudia, que, aliás, via telefone, me repassou a versão da polícia e disse estar disposta a conversar pessoalmente.
Quase dois quilômetros da Ocupação Wiliam Rosa, na Avenida Severino Balesteros, havia um bloqueio da polícia. Apresentei-me aos policiais que bloqueavam a avenida e disse que a advogada e eu estávamos indo para ajudar na intermediação do conflito. O soldado disse que me conhecia, mas que teria que obter ordem para deixar a advogada e eu passarmos de carro. Esperamos uns 15 minutos e a resposta foi que um tenente não tinha autorizado nossa entrada de carro. Após insistência nossa, o policial falou, via rádio, com outro comandante que autorizou nossa entrada. Andamos uns 500 metros e eis outra barreira da PM. Explicamos a um policial que estava com uma “espingarda” em punho que tínhamos obtido autorização para chegar à ocupação. Ele grosseiramente me respondeu: “Você poderia ser o papa, mas aqui não passa ninguém.” Tivemos que deixar o carro e continuar a pé mais 1 Km até chegar ao epicentro da Ocupação que é muito grande: 3.900 famílias, sem contar outras 2.000 famílias que estão na fila de espera.
Nos dois bloqueios ouvimos de policiais que uma viatura teria sido queimada, notícia desmentida por todas as pessoas que perguntamos na ocupação. Aos motoristas que insistiam em continuar pela Avenida, um policial dizia: “Está proibido transitar por aqui. Se você for por aqui, vão apedrejar seu carro.” Eis duas mentiras - entram muitas outras que policiais disseminam contra o povo das ocupações - que acirram os ânimos, caluniam e difamam os pobres que justamente, por necessidade, estão lutando por um direito humano elementar: o direito de morar com dignidade.
Na Ocupação, mostraram-nos muitos destroços de bombas jogadas pela PM no meio dos barracos de lona e vimos pessoas feridas, por exemplo, uma senhora com marcas nas costas atingida por bala de borracha, um senhor com o joelho machucado e notícia de que algumas pessoas foram presas Ouvimos que às 13:00h de ontem (01/11/2013), o povo da Ocupação Wiliam Rosa iniciou uma Marcha até a sede da Prefeitura de Contagem. Foram 18 Kms a pé por solidariedade ao povo da Ocupação Tupã – mais de 200 famílias - que, após serem despejados pela tropa de choque de MG, está acampado em frente à Prefeitura de Contagem. Marcharam também para cobrar do prefeito de Contagem, Carlin Moura (PCdB) compromisso com resolução do grave conflito social que é a falta de moradia para milhares de famílias no município. Mas o prefeito Carlin Moura não recebeu nem uma Comissão de representantes das duas ocupações. Assim a indignação aumentou, é óbvio. O povo voltou marchando outros 18 Kms e trancou a BR 040 nos dois sentidos, próximo ao CEASA. Claro que o engarrafamento se tornou grande. A polícia federal rodoviária não se opôs à manifestação, mas a PM de MG logo começou a pressionar para que as vias de acesso à BR 040 fossem desbloqueadas. Alguns motoristas exaltados criaram animosidade. O povo ouvindo insultos de policiais, além de manter o bloqueio da BR 040, bloqueou também a Av. Severino Balesteros Rodrigues, Bairro Laguna, ao lado da Ocupação Wiliam Rosa.
Policiais iniciaram pressão para liberar o bloqueio da Av. Severino. O povo discordou e resistiu. Um comandante deu um minuto para liberar a avenida e logo em seguida iniciou uma chuva de bombas, de tiros de “bala de borracha”, segundo a Cel. Cláudia, e a jogar gás de pimenta a partir do helicóptero da PM que sobrevoava em voos rasantes disseminando terror e pânico em crianças, mulheres, idosos e deficientes. Aí o pânico se instaurou. Ouvimos que jogaram pedra na polícia também. Normalmente os pobres jogam pedra na polícia somente após serem atacados. Muitas pessoas lutaram para apagar incêndios em barracas incendiadas pelas bombas jogadas por policiais. E, segundo relatos, policiais atiraram nas pessoas que tentavam apagar o fogo em várias barracas. Por pouco não alastrou um grande incêndio na Ocupação.
Em poucos minutos dezenas de militantes foram acionados e foram correndo para expressar apoio à Ocupação Wiliam Rosa.
Um trio contra o povo: Terreno do CEASA/Governo Federal, Polícia de MG e prefeitura de Contagem, do PCdB. Assim não dá. É injustiça e temeridade.
Felizes os que leem os sinais dos tempos e dos lugares. O sinal vermelho já acendeu. Primeira lição: As 3.900 famílias da Ocupação Wiliam Rosa, assim com as 8.000 famílias das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, na região do Isidoro, em Belo Horizonte, não vão aceitar jamais serem despejadas, SEM O ESTABELECIMENTO DE UMA MESA DE NEGOCIAÇÃO SÉRIA E À ALTURA DO CONFLITO, até porque não tem para onde ir, estão organizados e conscientes dos seus direitos. Dr. Francisco Alves, Juiz Federal em Pernambuco, irmão do nosso saudoso professor Fábio Alves, informou-nos que só expede Liminar de reintegração de posse, após entregarem a chave da casa/apto para onde as famílias vão mudar. Ou seja, reintegração de posse só possível e justa com alternativa digna.
Segunda lição: O único caminho a ser trilhado para superarmos o gravíssimo conflito social que envolve diretamente as 12.000 famílias dessas quatro ocupações – Wiliam Rosa, Rosa Leão, Esperança e Vitória -, é a ABERTURA DE UMA MESA DE NEGOCIAÇÃO, diálogo e busca conjunta de soluções justas e pacíficas, Mesa que deve ser integrada por representantes das ocupações, representantes dos movimentos sociais populares que acompanham essas ocupações, prefeito Carlin Moura (de Contagem, MG), prefeito Márcio Lacerda (de Belo Horizonte), Governo de Minas, Governo Federal, Ministério Público da área de Direitos Humanos e de Assuntos comunitários, Defensorias Públicas de MG e da União, TJMG e Rede de Apoio.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 02 de novembro de 2013, às 10:30hs.
Por um trisco não aconteceu uma tragédia na Ocupação Wiliam Rosa ontem à noite.
Nota de frei Gilvander Moreira, da CPT.
A Ocupação Wiliam Rosa não foi despejada ontem à noite, dia 01/11/2013. Por um trisco não aconteceu uma tragédia na Ocupação, sob ataque da polícia de Minas, mas o povo está firme, de cabeça erguida, para continuar a luta. Mas o que aconteceu ontem à noite lá na Ocupação Wiliam Rosa foi muito grave. Riscaram fósforo ao lado de um barril de pólvora. Temos que tirar muitas lições, todos: policiais, comandantes, autoridades, juízes, TJMG, prefeitos, governador, presidenta Dilma, lideranças, o povo das Ocupações e todos nós. Vamos aos fatos e a algumas luzes.
Ontem, dia 01/11/2013, sexta-feira, à noite, por volta das 21:40h, recebi um telefonema de uma das lideranças da Ocupação Wiliam Rosa, que está com 3.900 famílias sem-terra e sem-teto – www.ocupacaowilliamrosa.blogspot.com.br -, localizada próximo ao CEASA – em terreno que “pertence” ao CEASA -, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, MG. Desesperado, via celular, gritava: “Frei Gilvander, pelo amor de Deus, socorro! A Polícia de Minas Gerais com tropa de choque - uns 300 policiais - está atacando a Ocupação Wiliam Rosa, jogando bombas no meio das barracas de lona preta, dando tiros e jogando gás lacrimogêneo do helicóptero. Chegou alguém gritando que, ao correr das bombas, passou por cima, de uma pessoa caída, que parece estar morta.” Perguntei: “Tem oficial de justiça aí?” “Não tem.” “Estão despejando a Ocupação?”, indaguei. “Parece que é início de despejo, mas não sabemos a intenção da polícia.”
Liguei para outra liderança que me repassou a mesma versão. Soluçando por causa do gás lacrimogênio, essa liderança, com a voz embargada, chorando, me disse: “Frei Gilvander, pelo amor de Deus, socorro. Venha nos ajudar. E chame quem puder vir.”
Divulguei, via celular e facebook, uma mensagem com o “conteúdo”, acima, e, junto com uma advogada popular, fomos correndo para a Ocupação, enquanto telefonávamos para lideranças. Consegui falar com o dep. Rogério Correia (PT/MG), que conversou, via celular, com a Cel. Cláudia, comandante de policiamento de Belo Horizonte, fiquei sabendo às 23:42h quando consegui falar, via celular, com a Cel. Cláudia, que, aliás, via telefone, me repassou a versão da polícia e disse estar disposta a conversar pessoalmente.
Quase dois quilômetros da Ocupação Wiliam Rosa, na Avenida Severino Balesteros, havia um bloqueio da polícia. Apresentei-me aos policiais que bloqueavam a avenida e disse que a advogada e eu estávamos indo para ajudar na intermediação do conflito. O soldado disse que me conhecia, mas que teria que obter ordem para deixar a advogada e eu passarmos de carro. Esperamos uns 15 minutos e a resposta foi que um tenente não tinha autorizado nossa entrada de carro. Após insistência nossa, o policial falou, via rádio, com outro comandante que autorizou nossa entrada. Andamos uns 500 metros e eis outra barreira da PM. Explicamos a um policial que estava com uma “espingarda” em punho que tínhamos obtido autorização para chegar à ocupação. Ele grosseiramente me respondeu: “Você poderia ser o papa, mas aqui não passa ninguém.” Tivemos que deixar o carro e continuar a pé mais 1 Km até chegar ao epicentro da Ocupação que é muito grande: 3.900 famílias, sem contar outras 2.000 famílias que estão na fila de espera.
Nos dois bloqueios ouvimos de policiais que uma viatura teria sido queimada, notícia desmentida por todas as pessoas que perguntamos na ocupação. Aos motoristas que insistiam em continuar pela Avenida, um policial dizia: “Está proibido transitar por aqui. Se você for por aqui, vão apedrejar seu carro.” Eis duas mentiras - entram muitas outras que policiais disseminam contra o povo das ocupações - que acirram os ânimos, caluniam e difamam os pobres que justamente, por necessidade, estão lutando por um direito humano elementar: o direito de morar com dignidade.
Na Ocupação, mostraram-nos muitos destroços de bombas jogadas pela PM no meio dos barracos de lona e vimos pessoas feridas, por exemplo, uma senhora com marcas nas costas atingida por bala de borracha, um senhor com o joelho machucado e notícia de que algumas pessoas foram presas Ouvimos que às 13:00h de ontem (01/11/2013), o povo da Ocupação Wiliam Rosa iniciou uma Marcha até a sede da Prefeitura de Contagem. Foram 18 Kms a pé por solidariedade ao povo da Ocupação Tupã – mais de 200 famílias - que, após serem despejados pela tropa de choque de MG, está acampado em frente à Prefeitura de Contagem. Marcharam também para cobrar do prefeito de Contagem, Carlin Moura (PCdB) compromisso com resolução do grave conflito social que é a falta de moradia para milhares de famílias no município. Mas o prefeito Carlin Moura não recebeu nem uma Comissão de representantes das duas ocupações. Assim a indignação aumentou, é óbvio. O povo voltou marchando outros 18 Kms e trancou a BR 040 nos dois sentidos, próximo ao CEASA. Claro que o engarrafamento se tornou grande. A polícia federal rodoviária não se opôs à manifestação, mas a PM de MG logo começou a pressionar para que as vias de acesso à BR 040 fossem desbloqueadas. Alguns motoristas exaltados criaram animosidade. O povo ouvindo insultos de policiais, além de manter o bloqueio da BR 040, bloqueou também a Av. Severino Balesteros Rodrigues, Bairro Laguna, ao lado da Ocupação Wiliam Rosa.
Policiais iniciaram pressão para liberar o bloqueio da Av. Severino. O povo discordou e resistiu. Um comandante deu um minuto para liberar a avenida e logo em seguida iniciou uma chuva de bombas, de tiros de “bala de borracha”, segundo a Cel. Cláudia, e a jogar gás de pimenta a partir do helicóptero da PM que sobrevoava em voos rasantes disseminando terror e pânico em crianças, mulheres, idosos e deficientes. Aí o pânico se instaurou. Ouvimos que jogaram pedra na polícia também. Normalmente os pobres jogam pedra na polícia somente após serem atacados. Muitas pessoas lutaram para apagar incêndios em barracas incendiadas pelas bombas jogadas por policiais. E, segundo relatos, policiais atiraram nas pessoas que tentavam apagar o fogo em várias barracas. Por pouco não alastrou um grande incêndio na Ocupação.
Em poucos minutos dezenas de militantes foram acionados e foram correndo para expressar apoio à Ocupação Wiliam Rosa.
Um trio contra o povo: Terreno do CEASA/Governo Federal, Polícia de MG e prefeitura de Contagem, do PCdB. Assim não dá. É injustiça e temeridade.
Felizes os que leem os sinais dos tempos e dos lugares. O sinal vermelho já acendeu. Primeira lição: As 3.900 famílias da Ocupação Wiliam Rosa, assim com as 8.000 famílias das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, na região do Isidoro, em Belo Horizonte, não vão aceitar jamais serem despejadas, SEM O ESTABELECIMENTO DE UMA MESA DE NEGOCIAÇÃO SÉRIA E À ALTURA DO CONFLITO, até porque não tem para onde ir, estão organizados e conscientes dos seus direitos. Dr. Francisco Alves, Juiz Federal em Pernambuco, irmão do nosso saudoso professor Fábio Alves, informou-nos que só expede Liminar de reintegração de posse, após entregarem a chave da casa/apto para onde as famílias vão mudar. Ou seja, reintegração de posse só possível e justa com alternativa digna.
Segunda lição: O único caminho a ser trilhado para superarmos o gravíssimo conflito social que envolve diretamente as 12.000 famílias dessas quatro ocupações – Wiliam Rosa, Rosa Leão, Esperança e Vitória -, é a ABERTURA DE UMA MESA DE NEGOCIAÇÃO, diálogo e busca conjunta de soluções justas e pacíficas, Mesa que deve ser integrada por representantes das ocupações, representantes dos movimentos sociais populares que acompanham essas ocupações, prefeito Carlin Moura (de Contagem, MG), prefeito Márcio Lacerda (de Belo Horizonte), Governo de Minas, Governo Federal, Ministério Público da área de Direitos Humanos e de Assuntos comunitários, Defensorias Públicas de MG e da União, TJMG e Rede de Apoio.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 02 de novembro de 2013, às 10:30hs.
Confira, convocatória FELCO BH
aHOO Hoje damos início a mais uma temporada de serviços do Festival Latino Americano da Classe Obrera, segue abaixo a convocatória de filmes para a próxima edição FELCO especial DAS TERRAS DO BEM VIRÁ! Serão doze meses de atividades de organização e mostras, que desta vez com uma agenda sincronizada de ações, reunirá e apresentará na cidade de Belo Horizonte um acervo de filmes e trabalhos audiovisuais em formatos diversos, que colocarão em destaque a lutas e as transformações sociais na América Latina. Nesta mesma ocasião o cineclube movimenta estará celebrando seus sete aninhos de sincera existência, momento extraordinário que coincide com a etapa de finalização de nossa terceira produção documental, o guia pan-sacizado e anti-apocalíptico Carta 7, documentário sobre a Escola da Biomassa.
http://dasterrasdobemvirafelcobh.blogspot.com.br/2013/10/convocatoria-felco-e-assim-acontece_29.html
Convocatória FELCO - 6a Edição Das Terras Do Bem Virá!
E assim acontece!
Estão abertas as inscrições para o Festival Latino Americano da Classe Obrera (cinema e vídeo), 6a edição especial FELCO Belo Horizonte – Das Terras do Bem Virá!
Festival de cinema, artes e cultura política, o Felco é dedicado a reunir, apresentar e debater trabalhos artísticos e documentais que expressem temas de relevância política para os movimentos sociais e as transformações culturais em curso na América Latina.
Nesta 6a edição especial em Belo Horizonte, faremos uma revista audiovisual acerca das fronteiras internacionais da Amazônia, compreendidas por nove países do continente Ameríndio.
Nossa missão será reunir, catalogar, promover mostras e debates sobre as produções audiovisuais que nos contarão um pouco dos percursos e perímetros da sociobiodiversidade e das relações de poder nos territórios amazônicos, onde as fronteiras de nove estados nacionais delimitam o maior bioma de florestas tropicais do Planeta.
Para tanto, convidamos realizadores e coletivos audiovisuais, brasileiros, latino-americanos e de qualquer nacionalidade a inscreverem seus trabalhos nesta 6ª Edição Especial Felco BH.
Receberemos trabalhos de todas as nacionalidades, que exponham temas como a luta por direitos humanos, os movimentos sociais pela posse da terra no campo, a luta por moradia popular nas cidades, o cotidiano das ocupações urbanas e rurais, os movimentos em defesa dos direitos indígenas e quilombolas, dos atingidos por barragens, por minerações e obras urbanas, de movimentos ambientalistas, plantadores de florestas, das culturas de resistência, de emancipação das minorias, das lutas pela desmilitarização da sociedade, pela justiça e verdade, pela anistia dos presos políticos, contra as perseguições políticas, pelo fim da espionagem e da vigilância terrorista dos estados.
Convocamos também, coletivos do interior estado de Minas Gerais, interessados a se tornarem exibidores do FELCO, escolas, associações, sindicatos, ONGs, cineclubes, movimentos sociais, e também receberem as mostras itinerantes do festival para levar os debates sobre a Amazônia também para sua localidade, a preencherem a ficha de cadastro e também nos enviar pelos Correios.
Aqui o Regulamento e a Ficha de Inscrição de audiovisuais, esta deve ser enviada em versão eletrônica para cineclubemovimenta@gmail.com e impressa junto com o DVD contendo o trabalho para o endereço:
Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Antonio Carlos, 6627. Belo Horizonte - MG. Sala 4224 - FAFICH / UFMG – Núcleo de Estudos Sobre o Trabalho Humano ac. Neimar A Barroso
Pedimos o apoio na ampla divulgação, para que nosso chamado chegue aos documentaristas dos nove países da América Latina que regionalizam as fronteiras internacionais da Amazônia. Desde já, nossa gratidão.
Vida Longa à todas as formas de resistência e luta contra o capital e suas de exploração da vida econômica!
acompanhe a programação aqui no blog e também no Facebook o nosso cronograma de atividades
Novembro a Janeiro – Convocatória de Realizadores
Fevereiro a Abril – Curadoria e Catalogação das Mostras:
Maio – Edição Especial Das Terras do Bem Virá com Mostras e Oficinas
Junho a Agosto – Mostras Itinerantes - Convocatória de Espaços Exibidores
Setembro a Novembro – Primeiro Ciclo Metropolitano de Permacultura
Serviço:
Convocatória de Realizadores Festival Latino Americano da Classe Obrera – Felco- BH Das Terras do Bem Virá
Envio de Filmes em DVD com ficha de inscrição impressa
Mais informaações no blog: http://cineclubemovimenta.blogspot.com
Vem!! SUStentar a DIFERENÇA
A Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam Tam vai embalar a cidade,
trazendo como eixo o tema: “SUS Tentar a Diferença: Saúde não se Vende, Gente não se Prende”
Lívia Bacelete
Cáritas Regional Minas Gerais
Com informações do site Fórum em defesa do SUS Minas Gerais.
Dia Nacional da Luta Antimanicomial, a Rede de Saúde Mental de Belo Horizonte convoca a todos para uma manifestação em defesa da saúde como um direito universal e como um dever intransferível do Estado.
A Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam Tam vai embalar a cidade, trazendo como eixo o tema: “SUS Tentar a Diferença: Saúde não se Vende, Gente não se Prende”. O desfile/manifestação irá revistar a história para reafirmar o direito à vida em plenitude e sustentar os princípios do SUS, considerando seu conceito amplo com direito a trabalho, lazer, moradia e cultura.
O Dia da Luta Antimanicomial tradicionalmente é marcado por um desfile, em formato de escola de samba, pelo centro de Belo Horizonte. Há 14 anos consecutivos a “escola de samba” Liberdade Ainda que Tam Tam sai pelas ruas da cidade defendendo a reforma psiquiátrica antimanicomial. Em 2012, seis alas vão compor o desfile.
Olha o Deizotão aí gente!
A ala “Era uma Época Pouco Engraçada, não tinha SUS não tinha Nada” será o abre alas do desfile 2012, contando a história da saúde no Brasil e das lutas populares na construção da cidadania.
“A Gente não quer só Remédio, a Gente quer Remédio, Diversão e Arte” vem logo depois, mostrando o paradoxo entre o avanço da medicina, que é altamente tecnológica, mas insuficiente para atender a demanda do ser humano. A ala homenageará as invenções do SUS nos serviços que conseguem ampliar o conceito de saúde para além dos princípios sanitários, como o PSF (Programa Saúde da Família) e os diversos serviços substitutivos da saúde mental.
A terceira ala é das crianças e adolescentes e vem afirmar que a saúde implica a diferença e singularidade. “Não quero ser Selado, Avaliado, Ritalinado, Aprisionado pra Poder Voar” mostra que todas as estratégias de aplicação de regras que massificam e igualam a infância, juventude e adolescência, negam esta ideia de saúde.
A próxima ala é da loucura, tradição nos desfiles da Liberdade Ainda Que Tam Tam. “SUS pirado? Pändecer no Paraiso!” reafirma o Sistema Único de Saúde, com todos os seus avanços e conquistas, reivindicando mais financiamento e melhor gestão.
A ala “É Tempo de não mais se Contentarem com essas Gotas no Oceano” será uma reverência aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, protagonistas no processo de construção e consolidação do SUS, bem como suas entidades representativas, sindicatos e conselhos de classe, presentes e atuantes nos fóruns de controle social.
A sexta e última ala do Dezoito de Maio 2012, traz como tema a liberdade, propondo uma reflexão acerca desse valor ou condição da existência plena. A ala “Sem Saber que era Impossível, ele foi e Fez” discute o crescimento da liberdade enquanto conquista da cidadania, lutando por uma cidade sem muros, reias ou imaginários.
Dia Nacional da Luta Antimanicomial
No ano de 1987, durante o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Bauru-SP, o Movimento da Luta Antimanicomial escolheu no calendário nacional uma data para reafirmar a luta “por uma sociedade sem manicômios”. Ficou estabelecido o Dezoito de Maio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.
Desde então, Belo Horizonte cumpre esta agenda, pautando a implantação da ousada política de saúde mental em rede, o que produziu as primeiras mudanças e evidenciou a viabilidade da proposta. Em 1997, aconteceu pela primeira vez na cidade a manifestação político cultural no formato de carnaval e assim vem acontecendo até os dias de hoje.
De forma lúdica, sensível e crítica, a Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam, Tam, mobiliza a cidade, provocando reflexões sobre o lugar social da loucura em seu encontro com a arte e o pensamento.
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assista o documentário
>> Michel Também Contou << . um registro do carnaval da Escola de Samba LIBERDADE Ainda Que Tantan ::::::::::
Michel Também Contou | documentário | Bra. 2011
by MOVIMENTA.ART cineclube
trazendo como eixo o tema: “SUS Tentar a Diferença: Saúde não se Vende, Gente não se Prende”
Lívia Bacelete
Cáritas Regional Minas Gerais
Com informações do site Fórum em defesa do SUS Minas Gerais.
Dia Nacional da Luta Antimanicomial, a Rede de Saúde Mental de Belo Horizonte convoca a todos para uma manifestação em defesa da saúde como um direito universal e como um dever intransferível do Estado.
A Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam Tam vai embalar a cidade, trazendo como eixo o tema: “SUS Tentar a Diferença: Saúde não se Vende, Gente não se Prende”. O desfile/manifestação irá revistar a história para reafirmar o direito à vida em plenitude e sustentar os princípios do SUS, considerando seu conceito amplo com direito a trabalho, lazer, moradia e cultura.
O Dia da Luta Antimanicomial tradicionalmente é marcado por um desfile, em formato de escola de samba, pelo centro de Belo Horizonte. Há 14 anos consecutivos a “escola de samba” Liberdade Ainda que Tam Tam sai pelas ruas da cidade defendendo a reforma psiquiátrica antimanicomial. Em 2012, seis alas vão compor o desfile.
Olha o Deizotão aí gente!
A ala “Era uma Época Pouco Engraçada, não tinha SUS não tinha Nada” será o abre alas do desfile 2012, contando a história da saúde no Brasil e das lutas populares na construção da cidadania.
“A Gente não quer só Remédio, a Gente quer Remédio, Diversão e Arte” vem logo depois, mostrando o paradoxo entre o avanço da medicina, que é altamente tecnológica, mas insuficiente para atender a demanda do ser humano. A ala homenageará as invenções do SUS nos serviços que conseguem ampliar o conceito de saúde para além dos princípios sanitários, como o PSF (Programa Saúde da Família) e os diversos serviços substitutivos da saúde mental.
A terceira ala é das crianças e adolescentes e vem afirmar que a saúde implica a diferença e singularidade. “Não quero ser Selado, Avaliado, Ritalinado, Aprisionado pra Poder Voar” mostra que todas as estratégias de aplicação de regras que massificam e igualam a infância, juventude e adolescência, negam esta ideia de saúde.
A próxima ala é da loucura, tradição nos desfiles da Liberdade Ainda Que Tam Tam. “SUS pirado? Pändecer no Paraiso!” reafirma o Sistema Único de Saúde, com todos os seus avanços e conquistas, reivindicando mais financiamento e melhor gestão.
A ala “É Tempo de não mais se Contentarem com essas Gotas no Oceano” será uma reverência aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, protagonistas no processo de construção e consolidação do SUS, bem como suas entidades representativas, sindicatos e conselhos de classe, presentes e atuantes nos fóruns de controle social.
A sexta e última ala do Dezoito de Maio 2012, traz como tema a liberdade, propondo uma reflexão acerca desse valor ou condição da existência plena. A ala “Sem Saber que era Impossível, ele foi e Fez” discute o crescimento da liberdade enquanto conquista da cidadania, lutando por uma cidade sem muros, reias ou imaginários.
Dia Nacional da Luta Antimanicomial
No ano de 1987, durante o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Bauru-SP, o Movimento da Luta Antimanicomial escolheu no calendário nacional uma data para reafirmar a luta “por uma sociedade sem manicômios”. Ficou estabelecido o Dezoito de Maio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.
Desde então, Belo Horizonte cumpre esta agenda, pautando a implantação da ousada política de saúde mental em rede, o que produziu as primeiras mudanças e evidenciou a viabilidade da proposta. Em 1997, aconteceu pela primeira vez na cidade a manifestação político cultural no formato de carnaval e assim vem acontecendo até os dias de hoje.
De forma lúdica, sensível e crítica, a Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam, Tam, mobiliza a cidade, provocando reflexões sobre o lugar social da loucura em seu encontro com a arte e o pensamento.
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assista o documentário
>> Michel Também Contou << . um registro do carnaval da Escola de Samba LIBERDADE Ainda Que Tantan ::::::::::
Michel Também Contou | documentário | Bra. 2011
by MOVIMENTA.ART cineclube
E a gente achava que já tinha visto tudo!...
Na Ocupação Eliana Silva: proibir cadeirinhas para crianças na creche?
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente ... com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, alimentação...”(Art. 227 Constituição/1988)
Dia 27 de abril de 2012. Em Belo Horizonte, em uma sala da CIMOS[2], do Ministério Público de Minas Gerais, acompanhei uma Comissão de moradores da Ocupação Eliana Silva[3], que buscava justiça. A vovó dona Madalena, 61 anos, em lágrimas, disse: “Até hoje, nunca tive casa própria. Sempre trabalhei como doméstica em casas dos outros. Nos últimos anos, eu vivia de favor na casa de uma cunhada, mas fui despejada por ela. Minha filha, Ana Carla, é copeira na UFMG. Trabalha servindo lanche para os estudantes. Ganha só um salário mínimo e paga R$250,00 de aluguel. Ela não tem condições de me ajudar. Eu sobrevivo com um salário mínimo de pensão do meu primeiro marido falecido.”
Elisângela, 28 anos, ao pedir apoio ao promotor, disse: “Sou índia do povo Pataxó. Nasci no Sul da Bahia. Minha irmã e meus parentes estão lutando pelo resgate das nossas terras que foram invadidas pelos brancos. Estou em Belo Horizonte há 13 anos. Eu vivia com minha sogra, mas o barraco dela é muito pequeno. Não podemos ficar pesando sobre ela. Tenho uma filha com anemia falsiforme. Não posso trabalhar fora, pois tenho que cuidar da minha filha que exige muitos cuidados médicos. Meu marido trabalha, mas só ganha um salário mínimo. Na ocupação Eliana Silva somos seis pessoas indígenas.”
Diocélia, 24 anos, com Gabriele, de 4 meses no colo, também contou ao promotor um pouco do sufoco que vem passando: “Meu marido vende balas de doce dentro dos ônibus. Não ganha mais do que R$500,00 por mês. A gente estava sobrevivendo em um barraco de dois cômodos, alugado por R$400,00. Não conseguimos pagar o último mês. Na ocupação estão minha família e as famílias de quatro irmãs minhas, além da minha mãe e meus irmãos. Não temos outra alternativa. Restou-nos lutar por um pedacinho de terra para construir nossa casinha. Vamos morar no ar?”
Com esses depoimentos e alertando que o terreno ocupado estava abandonado há muitas décadas, que não cumpria sua função social e que o déficit habitacional em Belo Horizonte está acima de 174 mil moradias, que na capital mineira não foi construída nenhuma casa pelo Programa Minha Casa Minha Vida para famílias de zero a três salários mínimos, solicitamos apoio ao Ministério Público que tem a missão de defender o público, nesse caso, 350 famílias sem-terra e sem-casa, com centenas de crianças e idosos, e vários indígenas.
A caminho da Ocupação Eliana Silva, no meio da automovelatria – um enorme engarrafamento na Av. Amazonas, às 16:10h – Diocélia continuou narrando as imensas dificuldades que enfrenta. Acrescentou: “O dono do barraco que a gente alugou cortou a água, a energia e colocou um cadeado na porta do barraco. Todas nossas coisas ficaram trancadas lá, inclusive fraudas e mamadeira da Gabriele. Temos contrato de aluguel até junho, mas o dono não respeitou o contrato.” Notícias sobre despejos por donos de barracos alugados, mesmo com contrato assinado, sem autorização judicial, se ouve aos montes na Ocupação.
Na Ocupação, encontramos o povo reconstruindo dezenas de barracas de lona preta que tinham sido destruídas pela chuva forte da noite anterior. Muita lama e terra escorregadia. Diocélia nos contou que a chuva invadiu a barraca dela. Molhou os cobertores. A chuva, que iniciou por volta das duas horas da madrugada, não deixou quase ninguém dormir o resto da noite. Após a chuva, Diocélia e Cleideone, carregando as duas filhas andaram a pé por 40 minutos até chegar ao barraco alugado pela mãe dela. Puderam tomar um banho somente às 05:30h da madrugada. Dormiram 1,5 hora. Levantaram. Pegaram uns pedaços de pau e voltaram para a Ocupação. “Agora é que não vamos desistir. Lutaremos até conquistar nossa casinha própria”, arrematou Cleideone, enquanto reforçava a barraca que tinha caído.
Mas eis um fato inusitado: “A polícia está proibindo a entrada das cadeirinhas que ganhamos para a creche das crianças!”, gritou um senhor que chegava ofegante. Dirigimo-nos à entrada da Ocupação, onde, de fato, constamos o absurdo. Apresentei-me e interroguei o tenente Damásio: “Por que as cadeirinhas da creche das crianças não podem entrar?” “Recebemos ordem para não deixar entrar nenhum material de construção”, alegou o tenente. “Tenente, cadeirinha para crianças da creche não é material de construção”, alertamos. “Não pode entrar madeira. Nas cadeirinhas há madeira”, tentou o tenente justificar o injustificável. Insistimos: “Tenente, não há nenhuma lei ou ordem judicial proibindo a entrada de materiais de construção na Ocupação e muito menos a entrada de cadeirinha de criança. Choveu muito na noite anterior. O chão está todo úmido. Como pode as crianças sentar no chão úmido? E o Estatuto da Criança e do Adolescente? Não assegura respeito à dignidade das crianças?” Telefonamos para comandantes superiores, mas após uns quarenta minutos o tenente nos disse que não tinha sido autorizada a entrada das cadeirinhas doadas por pessoas de boa vontade que se comoveram ao ver a bonita barraca de lona preta que fizeram para ser a Creche das Crianças.
Buscando ser simples como as pombas, mas espertos como as serpentes, após vários policiais ouvirem muitas mães clamarem pelos direitos humanos de suas crianças, voltamos para dentro da Ocupação para reunião da Coordenação e, após, Assembléia Geral.
De repente, o sr. Sebastião, 81 anos, sanfoneiro da comunidade, chega gritando: “A Polícia não quer deixar trazer aqui pra dentro o meu tamborete – um pequeno banquinho. Preciso dele para sentar para poder tocar a sanfona que é muita pesada. Eu já fiz ponte de safena, tenho problemas de coração e não agüento tocar a sanfona em pé.”
Enfim, antes, pedimos ao Ministério Público que cumpra sua missão de defender os direitos fundamentais das crianças e idosos. Depois, vimos com nossos próprios olhos Polícia militar de Minas, cumprindo ordens injustas, agredir a dignidade de centenas de crianças e idosos. Assim, a polícia está desviada da sua função. Está protegendo uma propriedade que não cumpria função social. Por que a polícia não protegia o terreno antes, quando estava abandonado e era bota-fora, lugar de desova de cadáveres? A polícia não deve respeitar a dignidade das crianças e dos idosos?
Aos policiais alertamos o brado de dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, martirizado em 24 de março de 1980: “Militares, vocês não estão obrigados a cumprir ordens que são contrárias à ordem maior de Deus, que diz: Não matarás. Obedeçam suas consciências.” Acrescento, nos evangelhos Jesus ensina que leis e regras devem ser respeitadas, se forem justas. Jesus desrespeitou várias leis e regras que agrediam a dignidade humana.
Aos que reprimiam as crianças, Jesus bradou: “Deixai as crianças e não as impeçais de vir a mim, pois delas é o Reino dos Céus.” (Mt 19,14; Mc 10,14; Lc 18,16). Mexeu com as crianças, mexeu com Jesus de Nazaré e conosco. Aos que se sentiam justos e donos da verdade, Jesus mostrou que a oferta da viúva, apenas uma moedinha, valia mais, pois ela se doava e não apenas dava sobras. (Cf. Mc 12,42-44).
Na Ocupação Eliana Silva, as famílias e a comunidade (sociedade) lutam para garantir dignidade a suas crianças e idosos, mas o Estado tem sido omisso, melhor dizendo, cúmplice e, muitas vezes, promotor de opressão. O povo clama por moradia, creche (educação) e dignidade e o Estado manda a polícia, o trato desumano legalista e arbitrário de uma polícia que defende primordialmente a propriedade privada – inclusive a que não cumpre função social - para além de qualquer manifestação de humanidade. Desde quando a polícia tem que impedir a entrada de cadeirinhas para crianças em algum lugar, a entrada de um banquinho para um idoso descansar e tocar sua sanfona? Isto é negação do Estado Democrático de Direito. É o cúmulo da violação da dignidade humana. Impossível calar.
Gilvander Moreira
Belo Horizonte, MG, Brasil, 29 de abril de 2012.
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